Paulo Gabriel Soledade Nacif
A história da Escola de Agronomia da UFBA tem origem no Imperial Instituto Baiano de Agricultura (IIBA), criado em 1º de novembro de 1859 por D. Pedro II. Primeiro, no gênero, da América do Sul, o IIBA gestou a Imperial Escola Agrícola da Bahia, inaugurada em São Bento das Lages, a 15 de fevereiro de 1877, numa área originalmente doada aos beneditinos em São Francisco do Conde por uma neta de Caramuru.
Ruínas da Imperial Escola Agrícola da Bahia, São Francisco do Conde, BA.
De 1889 a 1904, a Escola Agrícola esteve sob a administração da República que, nesse último ano, passou o domínio para o Estado da Bahia. Em 1943 o governador Landulfo Alves, engenheiro agrônomo, inaugurou a nova sede da Escola, numa área de 1.897 ha no município de Cruz das Almas. Essa área resultou da compra de um conjunto de pequenas e médias propriedades que só foram efetivamente escrituradas em nome do Governo Federal em 2012, no primeiro Reitorado da UFRB.
Em 1968, a Escola de Agronomia foi federalizada, passando a integrar a UFBA. O processo de federalização foi traumático para a Escola de Agronomia. Há muito busco entender como esse verdadeiro desastre institucional pôde acontecer.
Tenho uma versão sobre a questão, fruto de leituras, vivências e longas conversas com personagens que acompanharam de perto a história. São pessoas como os professores da Escola de Agronomia Joelito Resende, Raimundo Fonseca, Antonio José da Conceição, Moiseis Vaxmann, Zinaldo Figueiroa de Sena, José Maria Couto Sampaio, Alino Matta Santana, Archimar Bittencourt Baleeiro e outros. Alguns desses acompanharam esse processo desde a década de 1940.
A Bahia que emerge do pós-1930, à esquerda e à direita, cada uma sempre com as suas contradições, revela, nas décadas seguintes, lideranças com discursos associados a um autonomismo (reação das elites ao Getulismo), às vezes, contraditoriamente adesista e firmemente convencidas sobre a necessidade de encontrar respostas para o que viria ser chamado por Otávio Mangabeira de “enigma baiano”. No Jornal a Tarde de 30.01.1951 Mangabeira definiu-o: “Intrigava-me, desde muito, o que chamei o enigma baiano: porque razão a Bahia, cujas qualidades e riquezas eram, em geral, tão celebradas, se mantinha, todavia, em condições de progresso indiscutivelmente inferior ao que resultaria, em boa lógica, de semelhante conceito, assim tivesse ele a procedência que se lhe atribuía? ”
Integrantes dessas elites, Edgar Santos e Landulfo Alves são dois personagens que nos interessam nesse ensaio pelo protagonismo que tiveram na educação superior baiana e pelos encontros e desencontros históricos das instituições que eles criaram (a Escola Agrícola da Bahia e a Universidade Federal da Bahia). Contemporâneos, esses dois baianos conviveram em disputas e convergências por espaços políticos e visões de desenvolvimento.
Muito por conta desses dois personagens, entre a ascensão de Getúlio Vargas e o golpe militar de 1964, a Bahia experimentou um desenvolvimento cultural expressivo que projeta suas luzes ainda hoje e isso pode ser resumido na criação da Escola de Agronomia de Cruz das Almas em 1943 e na UFBA em 1946, sendo essa última com consequências bem maiores nesse processo.
Edgar Santos foi o fundador da UFBA e é bastante conhecido o seu papel na modernização cultural da Bahia por meio da construção daquela instituição soteropolitana.
Já Landulfo Alves teve um papel definidor na transferência e reinauguração da Escola de Agronomia em Cruz das Almas e suas ações estiveram na base da implantação de um sistema de ensino, pesquisa e extensão rural inovador e raro dentre os estados do Brasil, cujas influências podem ser percebidas ainda hoje.
Landulfo Alves de Almeida nasceu em Santo Antônio de Jesus (BA), no dia 4 de setembro de 1893. Entre seus irmãos, destacou-se Isaías Alves de Almeida, Secretário de Educação da Bahia (1938-1942) e diretor da Faculdade de Filosofia da Universidade da Bahia (1942-1961). Em 1914, formou-se em engenharia agronômica na Escola de Agricultura de São Bento das Lajes, em São Francisco do Conde (BA).
Mais tarde, nos Estados Unidos, fez cursos de especialização em zootecnia e frequentou o Agriculture and Mechanical College, no Texas. Landulfo Alves era diretor da Divisão de Fomento Animal do Ministério da Agricultura quando foi nomeado interventor federal na Bahia em 28 de março de 1938.
Ao tomar posse, o interventor declarou que a sua administração seria dedicada à agricultura e à educação. É evidente a influência do seu irmão, Isaías Alves. O sistema de ensino, pesquisa e extensão rural forjado sob a liderança de Landulfo Alves teve como sustentação a Escola de Agronomia por ele refundada. O historiador Luiz Henrique Tavares destacou o investimento de “amplos recursos para a construção de uma escola agrícola em substituição à de São Bento das Lages. Deveria ser uma escola-campo e possuir todas as condições para transmitir os conhecimentos da agronomia geminados à pesquisa de laboratório, à prática agrícola e à pecuária. Para realizá-la, a Secretaria de Agricultura comprou uma fazenda no município de Cruz das Almas e nela construiu prédios para a administração, salas de aulas e laboratórios, casas residenciais para professores, trabalhadores de apoio e estudantes e campos para a lavoura”.
A partir da Escola de Agronomia de Cruz das Almas tem-se o desenho de uma estrutura de apoio às ações agropecuárias no estado. Neste período, investiu na implantação de “fazendas experimentais”, destinadas a melhorar o plantel bovino para abate e para a produção de leite, na construção do primeiro aviário da Bahia, em Feira de Santana, além de pocilgas e outras instalações pecuárias espalhadas pelo estado. Construiu quatro núcleos coloniais e duas escolas rurais. Novos métodos agropecuários foram levados a dezenas de municípios. Auxiliado pelo Serviço de Colonização do Nordeste, fomentou a cultura do algodão, da mamona e do sisal, criando com essa finalidade uma estação experimental.
Nesse processo, estrutura-se no estado da Bahia um sistema estadual de ensino, pesquisa e extensão rural envolvendo organizações públicas e privadas, empresas estaduais e federais, cooperativas, e outras que faz com que o estado ingressasse em um patamar superior de desenvolvimento das ciências agrárias bem como de produção e diversificação agrícola.
Nessa dinâmica surgiram centros de pesquisa, fomento, assistência técnica, crédito e comercialização, por produto, como por exemplo, o ICB, Instituto de Cacau da Bahia, e do IBF, Instituto Baiano do Fumo, a CEPLAC – Comissão Executiva de Planejamento da Lavoura Cacaueira. Isso levou a iniciativas de fortalecimento de infraestrutura das regiões produtoras e estações experimentais e laboratórios tendo como resultado um processo de inovação tecnológica sem precedentes na Bahia.
A Escola de Agronomia de Cruz das Almas por muitas décadas esteve na liderança de todo esse processo, notadamente entre as décadas de 1940 e 1980, período em que figurava sempre como uma referência das ciências agrárias no Brasil e no mundo tropical.
Esse sistema tornou-se âncora para o discurso autonomista dos governos estaduais e a Escola de Agronomia de Cruz das Almas ganha status de símbolo dos governadores, sendo usada como um contraponto ao sucesso da iniciativa federal representada pela UFBA, idealizada pela genialidade de Edgard Santos. Apesar de integrarem os mesmos ideais de modernização conservadora, as relações entre a Escola de Agronomia e a UFBA nunca foram orgânicas ou complementares. Havia uma distância diplomática, interesses pouco convergentes e um discreto desprezo recíproco.
Vale destacar que a elite soteropolitana no seu projeto de modernização conservadora apostava num desenvolvimento contemporâneo mais associado a Salvador e mantinha relações ambíguas com o interior. A necessidade de apoio dos poderes locais levava a íntimas relações com o coronelismo associado aos latifúndios, em grande parte improdutivos, e ao trabalho semiescravo.
Nesse aspecto, mesmo a modernização representada pela Escola de Agronomia denunciava as contradições de algumas dessas famílias aristocráticas soteropolitanas que buscavam reinventar a Bahia representada por uma Salvador vanguardista, mas muitas vezes mantinham no interior do estado relações sociais e políticas bastante atrasadas.
Possivelmente havia a ideia de que era possível se construir um dinamismo tal que Salvador fosse capaz de dirigir e promover o desenvolvimento de todo o Estado. Mas, evidentemente, o máximo que se conseguiu foi algo como uma “Paris e o deserto francês”, título do famoso livro do geógrafo Jean-Francois Gravier no qual ele opôs a hegemonia e o dinamismo parisiense ao abandono do interior da França.
O dinamismo do sistema estadual de ciências agrárias, criado por Landulfo Alves, sofreu um duro golpe com a federalização da Escola de Agronomia de Cruz das Almas em 1967/1968. É possível afirmar que a forma como esse processo ocorreu foi, em realidade, a subordinação daquela instituição à UFBA, desejo alimentado há muito pela elite soteropolitana.
Na década de 1960 e, principalmente, após o Golpe de 1964, várias instituições públicas de ensino de ciências agrárias do Brasil passam por um processo de federalização e em sua imensa maioria tornaram-se autarquias diretamente ligadas ao Ministério da Educação e Cultura. A exceção mais conhecida foi a Escola de Agronomia de Cruz das Almas, incorporada à UFBA. Será coincidência? Como exemplos de instituições que foram transformadas em autarquias, temos: o Centro de Ciências Agrárias de Mossoró (RN) – transformada em autarquia federal em 1969; a Universidade Rural do Estado de Minas Gerais (UREMG) que se transforma na UFV em 1969; a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) que foi federalizada em 1974; a Escola Superior de Agricultura de Lavras (ESAL) federalizada em 1963; a Faculdade de Ciências Agrárias do Pará – FCAP, 1972.
Lançamento da pedra fundamental da Escola Agronômica da Bahia, 1940. Landulfo Alves é o segundo a partir da esquerda, com a mão no bolso
Em 1968 a UFBA já se constituía numa grande universidade – a obra de Edgard Santos era destacada, por exemplo em textos de Gilberto Freyre e Manuel Bandeira, mas sem nenhuma tradição de multicampia e sempre demonstrando, à época, pouco interesse por uma ação territorializada no interior da Bahia. A sua dinâmica cultural alimentava-se de maneira profundamente positiva pela sua íntima relação com Salvador. Por ironia do “Tempo” – esse senhor tão estranho, coube ao filho de Edgard Santos, Roberto Santos, então Reitor da UFBA, liderar o processo de incorporação da Escola de Agronomia à UFBA.
A forma como essa incorporação ocorreu teve consequências graves. Em pouco tempo, a Escola de Agronomia da UFBA já não tinha a pujança que exibiu até os anos de 1970. Para a Escola de Agronomia esse processo foi verdadeiramente catastrófico.
Detentora de dez por cento do município de Cruz das Almas (1.700 hectares), com amplos experimentos, jardins de germoplasmas (essa instituição, desde São Bento das Lages, foi responsável, por exemplo, pelas primeiras pesquisas no Brasil sobre soja, café, cacau, mandioca e eucalipto), relações internacionais, completa integração com o Instituto de Pesquisas Agropecuária do Leste – IPEAL (precursor da EMBRAPA) e com uma das melhores escolas de educação básica da Bahia (Centro Educacional Alberto Torres – CEAT), instalados no próprio campus, esse sistema nunca foi entendido pela UFBA.
Nesse processo, todos os servidores não docentes foram considerados como cargos em extinção e assim mantidos pelo Governo Estadual, e as suas substituições por contratações Federais, subordinaram-se às regras gerais das outras unidades acadêmicas da UFBA situadas em Salvador. As regras orçamentárias adotadas foram as mesmas dos outros cursos, assim como no caso da contratação de pessoal docente. Em termos gerais foram muito raras as exceções consideradas pela administração central da UFBA no tratamento da Escola de Agronomia. A UFBA insistiu em perceber apenas um curso onde existia em verdade um complexo sistema de ensino, pesquisa e extensão com ramificações para além do estado da Bahia.
Era impossível adequar a estrutura de uma instituição localizada a 150 km de distância de Salvador a um espelho de uma unidade no campus central, em termos de cargos de direção, orçamento, pessoal docente e pessoal não docente. Esse sistema começa a ruir desde então com a incapacidade dos novos padrões institucionais renovar os pactos para continuar, por exemplo, as positivas interações com o Instituto de Pesquisas Agropecuária do Leste – IPEAL, já em transição para a EMBRAPA e com o Centro Educacional Alberto Torres – CEAT. Quando chegou a década de 1980 na qual os quadros de pessoal em extinção aposentaram-se completamente, houve um vazio institucional sem precedentes e esse sistema desmoronou-se por ausência de recursos financeiros e de pessoal para continuar o gerenciamento do território com os seus vários projetos. O colapso do controle do território, por exemplo, gerou a situação de completo descontrole que desafia a geração atual de dirigentes da UFRB, assunto que eu abordo no final do presente ensaio.
Ao apontar para esses possíveis encaminhamentos institucionais equivocados vale registrar que eles ocorreram sob os auspícios da UFBA, mas também do Governo Federal, Governo Estadual, do conjunto de instituições que aqui chamamos de sistema estadual de ciências agrárias e da própria comunidade acadêmica da Escola de Agronomia.
Distante de Salvador, com pouca atenção dos dirigentes da UFBA, a Escola de Agronomia ficou à sua própria sorte e submetida, adicionalmente, a um provincianismo absurdo. Participante ativa do direcionamento das ciências agrárias do Brasil entre 1877 e década de 1970 (com poucos intervalos de paralisação de atividades), no momento em que mais precisa se abrir para os novos paradigmas institucionais desenvolvidos, em grande medida, pelos seus egressos, a nossa escola perdeu o espírito do seu tempo, inclusive por sentir pouca necessidade institucional de manter os contatos culturais e as redes que, na maioria da vezes, integrava com destaque. Espero que a UFRB conheça bem essa história. Isso inclusive me anima a escrever esse ensaio. Como nos ensinou Edmund Burke, “um povo que não conhece a sua história está condenado a repeti-la”.
Cheia de si, orgulhosa do seu passado, considerando-se capaz de concorrer com o mundo, a Escola de Agronomia da UFBA não foi capaz de perceber o movimento, ironicamente, liderado no Brasil principalmente por muitos dos seus egressos.
Enviados em profusão ao exterior, notadamente aos EUA entre as décadas de 1960 e 1970, especialistas em ciências agrárias criaram um dinamismo científico e tecnológico em associação com o agronegócio que se modernizava no Brasil, mudando definitivamente as ciências agrárias do País. Essa é uma ironia da história: os egressos de Cruz das Almas ganharam o mundo e deixaram a Escola de Agronomia da UFBA definitivamente ultrapassada. Lembro que quando cheguei em 1985 para estudar nessa escola ainda havia uma imagem de que você não precisava ir a nenhum lugar para aprender mais: Cruz das Almas formava melhor que qualquer outro centro de ensino do mundo. Considero esse período como um ponto de corte, até essa época a Escola de Agronomia de Cruz das Almas ainda aparecia bem colocada em todos os rankings sobre centros de formação superior em ciências agrárias dos trópicos. Depois dessa época ela perde a hegemonia definitivamente para os centros de ensino do sul/sudeste do País.
A década seguinte (1990) consolida os processos de avaliação do ensino superior, tanto da pós-graduação pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES quanto da graduação, pelo INEP, justamente no período de maior crise da Escola de Agronomia de Cruz das Almas. O curso de engenharia agronômica da UFBA apresentou uma série de insucessos desde o ano de 2000, quando o processo de avaliação de cursos de ciências agrárias foi instituído pelo MEC e ocorria por meio do Exame Nacional de Cursos (Provão): Ano 2000 – conceito C; Ano 2001 – conceito C; Ano 2002 – conceito C; Ano 2003 – conceito E. Por fim, em 2007, já como curso da UFRB, quando incluído no ENADE, o referido curso obteve o conceito 1, gerando a primeira crise que eu tive que administrar na UFRB que nascia. Com agronomia sendo o único curso avaliado da UFRB isso levou automaticamente a um IGC 1,0 da universidade recém-criada. Isso foi explorado ao máximo pelas forças conservadoras contrárias a expansão do ensino superior gratuito no Brasil e o Reitor da UFRB começou a sua gestão na berlinda, sob máxima pressão do MEC.
Felizmente assistimos a um novo ressurgir da força acadêmica das ciências agrárias do Recôncavo nessa segunda década do século XXI. Sem dúvidas, a área das ciências agrárias foi muito beneficiada pela criação da UFRB e volta a ter a dinâmica científica e formativa do passado. Com a UFRB foram criados mais seis cursos graduação na área de ciências agrárias (Engenharia Florestal, Engenharia de Pesca, Medicina Veterinária, Tecnologia em Agroecologia, Tecnologia em Gestão de Cooperativas e Zootecnia) e o processo de expansão da pós-graduação é contínuo, atualmente nesse campo a UFRB apresenta oito mestrados e dois doutorados.
Desse modo, macro decisões institucionais equivocadas (federalização subalterna e indiferente) e provincianismo, levaram a escola ao fundo do poço. No dia 14 de março de 2003, trinta e cinco anos após a sua incorporação pela UFBA, assumi o cargo de Diretor da Escola de Agronomia e àquela época, tinha plena consciência dessa história e dos desafios que tinha pela frente.
Vilas, comunidades, bairros, assentamentos, quilombos, tudo isso hoje faz parte do campus de Cruz das Almas: O crescimento desordenado e a fluidez da presença do Estado (município, estado e governo federal) na regulação do uso do solo e oferecimento de serviços públicos geraram um vazio institucional que submete uma parte significativa do território do campus a vários conflitos de interesses. O campus abriga cerca de sete mil posseiros rurais e urbanos (cerca de dez por cento da população de Cruz das Almas).
Nesses últimos anos tivemos muitas conquistas, conseguimos a regularização fundiária que teve que ocorrer via uma Lei na Assembleia Legislativa, sancionada pelo Governador Jaques Wagner e conseguimos adquirir uma área e constituir um assentamento, deslocando uma pequena parte da comunidade para lá. Tudo isso graças ao dedicado empenho do professor Geraldo Costa, que sofreu sempre críticas justamente por buscar lançar luzes ao problema – infelizmente há quem considere que não reconhecer o problema fará com que ele desapareça.
Promovi estudos, reuniões, diálogos, propostas. Conseguimos a regularização da área após 60 anos de descasos. Acionei todas as autoridades possíveis sobre a gravidade do tema. Só não me dirigi ao Papa. Lembro que auditores da Controladoria Geral da União – CGU, me disseram que jamais aceitariam ser dirigente de uma instituição com um problema tão grande.
Não tenho dúvidas que resolver essa questão é crucial para o futuro da UFRB e deve estar no centro do interesse do campus de Cruz das Almas nos próximos anos. Sem uma intensa e contínua mobilização, envolvendo toda a comunidade, dirigentes, Munícipio, Estado e Governo Federal não iremos longe.
Para ficar numa expressão das ciências agrárias, uso como analogia a “Lei do Mínimo”. Esse fator – a ocupação desordenada do campus de Cruz das Almas, possivelmente será o que mais limitará o desenvolvimento dos Centros aqui instalados nos próximos anos. Ele afeta a circulação da comunidade acadêmica, a segurança das pessoas e do patrimônio científico e tecnológico, cria tensões permanentes. Precisamos nos preocupar prioritariamente com essa questão. É necessário estabelecer limites e relações de convivência com a comunidade no nosso entorno, criando um processo de afiliação e respeito mútuo.
A “Lei de Liebig” (Justus von Liebig – 1808-1873), também conhecida por “Lei do Mínimo” é um princípio utilizado na agricultura que estabelece que o desenvolvimento de uma planta será limitado por aquele nutriente deficitário, mesmo que todos os outros elementos ou fatores estejam presentes em quantidades adequadas. Alguém duvida dessa assertiva?
Em sequência as fotos retratam a força institucional da Escola de Agronomia no período em que pertencia ao Governo Estadual e logo abaixo num período após a federalização. A última imagem é uma foto do químico Alemão Justus von Liebig, autor da Lei do Mínimo, básica em todo curso introdutório sobre fertilidade do solo.